quarta-feira, 17 de novembro de 2010

"Creiam-me, o menos mau é recordar; ninguém se fie da felicidade presente; há nela uma gota da barba de Caim. Corrido o tempo e cessado o espasmo, então sim, então talvez se pode gozar deveras, porque entre uma e outra dessas duas ilusões -  melhor é a que se gosta sem doer."


Aquela tal história de que o tempo tudo cura, não é?
Triste não haver sempre a 'continuação da continuação*' na vida...  
 

-| Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis |-

*Referência ao nível fundamental da análise semiótica. A "continuação da continuação" caracteriza o estado de Euforia, em que o sujeito encontra-se em pleno estado de felicidade. Esse estado, segundo à semiótica e, infelizmente, segundo à vida, é passageiro.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Pra você nunca esquecer...

"Nunca os fatos são, de fato, fatais.
Não confio na fortuna jamais."

Não são fatais nem para aqueles que fingem tão perfeitamente terem sido atingidos.


-| Sem Destino - Luiz Tatit - Música que dá título ao último álbum desse cantor, professor e blábláblá que eu tanto gosto. |- 

terça-feira, 19 de outubro de 2010

"Temos o direito de ser iguais quando a diferença nos inferioriza, temos o direito de ser diferentes quando a igualdade nos descaracteriza."
- | Boaventura Santos| -


   Adoro essas frases impactantes que fazem parecer que realmente temos o domínio sobre as nossas vidas. É bonita, ótima para ser colocada no "Nick do MSN" pra chamar atenção, mas na prática mesmo... não funciona.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

(...) torna-se aqui na noite exclusiva, cuja entidade complementar de pessoa encontrada fortuitamente não se abandona, enquando essa noite durar: no serão da conversa até à madrugada, na obnubilação libertadora das brumas do álcool, na "noite escura" de uma experiência de guerra (um combate contra os semelhantes e contra si mesmo) que é na realidade um caminhar para a morte."


Um caminhar para a 'morte' da paz...

- | Maria Alzira Seixo - Os romances de António Lobo Nunes |-

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

"(...) o encontro na falta de uma coragem envaidecida, quase esquecida..."

E é isso.


-| Desconhecido - Há anos atrás li isso em algum lugar e nunca mais esqueci. |-
"(...) padecer a convicção de que, na estreiteza das relações da vida, a alma alheia comprime-nos, penetra-nos, suprime a nossa, e existe dentro de nós, como uma consciência imposta, um demônio usurpador que se assenhoreia do governo dos nossos nervos, da direção do nosso querer; que é esse estranho espírito, esse espírito invasor que faz as vezes de nosso espírito, e que de fora, a nossa alma, mísera exilada, contempla inerte a tirania violenta dessa alma, outrem, que manda nos seus domínios, que rege as intenções, as resoluções e os atos muito diferente do que fizera ela própria (...)"


    Ingênuos aqueles que creem ter atitudes e pensamentos únicos, inovadores, originais,  mais certos ou mais errados. Perdem tempo aqueles que tentam viver de maneira diferente, levando tudo às últimas consequências, sem levar em consideração em quem podem tropeçar e se, após o baque do tropeço, o outro padecerá, machucado. 
  Nada é original. Vivemos em um mundo que maquia uma liberdade simplesmente inexistente, e aqueles que se acham diferentes, provavelmente estarão sempre sozinhos.

-| Raul Pompéia - Originalmente não sei de onde vem esse excerto, retirei-o da FUVEST - 1998). |-

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

"Que o ar no copo ocupa o lugar do vinho, e que o vinho busca ocupar o lugar da dor"

Enquanto aqui fico, com esta taça de vinho exalando um cheiro adocicado, que me envolve e faz com que eu perca a noção de quanto tempo aqui estive, girando o copo para observar os diferentes tons, enquanto o odor continua a possuir-me sem que eu o controle... invade o meu cérebro, inibe os meus sentidos, engana-me e vasculha em cada pedacinho as lembranças que enterrei bem no fundo da ‘gaveta cerebral’. Adoro e sinto pavor desse cheiro de vinho. (...)
Enquanto aqui fico, embebedo minha alma, para esquecer a ‘dor’ mais fingida que criei, apenas para deliciar-me com a sensação de ter algo para ser ‘ocupado’. 

-| Copo Vazio - Chico Buarque |-
" (...)
A pequena, julgando-se vítima de um “trote”, ficou por conta e, como era muito bem-educada (essas meninas de hoje!), desligou violentamente, não antes de perpetrar, sem querer, um precioso “hai-kai” concretista:
- Basta, besta!
O poeta ficou fulminado. Não podia, não podia compreender. Sofreu, que também os concretistas sofrem; estava apaixonado, que também os concretista se apaixonam, quando são jovens – e todo poeta concretista é jovem. Não tinha lábia. Não teria os lábios. Por que não viajar para a Líbia? Desaparecer, sumir… Sentia-se profundamente desgraçado, inútil. Um triste. Um traste.
O consolo possível era a poesia. Sentou e escreveu:
“Bela. Bola. Bala.”
O que, traduzindo em vulgar, vem a dar esta banalidade: “A minha bela, não me dá bola. Isto acaba em bala.”
Não acabou, naturalmente. Tomou uma bebedeira e tratou de arranjar outra namorada, a quem dedicou um soneto parnasiano. Foi a conta. Casaram-se e são muito falazes… Oh! Perdão: felizes."


Para os leigos e para aqueles que muito as conhecem, um aviso: Cuidado com as palavras parônimas


-| Tragédia Concretista  do Luís Martins (Para ler na íntegra http://lucyhenriques.wordpress.com/2007/10/16/tragedia-concretista/) - O Guti enviou-me esse texto e disse que provavelmente entraria para as minhas 'pérolas'. Ele, que muito me conhece, estava certo! |-  

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

"Morrer foi covarde da sua parte, mas por enquanto eu agradeço por isso."

 

As pessoas se apegam ao que querem. Neste caso, eu prefiro o 'por enquanto'.

-| Retirado do Facebook do Alfredo Christofoletti. |-

 

 

terça-feira, 24 de agosto de 2010

"Quero entranhar-me no mundo da reflexão e do estudo, mas o meu coração, solteiro talvez, talvez viúvo, pede-me versos ou imaginações. Triste alternativa, que para nenhuma resolução me guia! Este estado, tão comum nos que realmente se dividem entre sentir e pensar, é uma dor d’alma, é uma agonia do espírito.
De onde estou vejo o mar; a noite é clara e deixa ver as ondas que se vão quebrar à areia da praia. Uma vez solto onde irás tu, meu pensamento? Nem praias, nem ondas, nem barreiras, nem nada; tudo vences, de tudo zombas, eis-te aí livre, a correr, mar em fora, em busca de uma lembrança perdida, de uma esperança desenganada. Lá chegas, lá entras, de lá voltas ermo, triste, mudo, como o túmulo do amor perdido e tão cruelmente desflorado!
Ânsia de amar, ânsia de ser feliz, que haverá no mundo que mais nos envelheça a alma e nos faça sentir as misérias da vida? Nem é outra a miséria: esta, sim; este ermo e estas aspirações; esta solidão e estas saudades; esta tão própria sede de uma água que não há tirá-la de nenhuma Noreb, eis a miséria, eis a dor, eis a tristeza, eis o aniquilamento do espírito e do coração."

 -| Primeiro excerto que retirarei do conto Felicidade Pelo Casamento, de Machado de Assis. O conto é tão repleto de preciosidades que uma pequena divisão fez-se necessária. |-

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Pergunte-se quantas vezes em um mesmo dia depara-se com poemas; contos; trechos de narrativas; anúncios de outdoor; mensagem de ‘status’ do Orkut, MSN, Facebook e Twitter alheios; pequenos excertos jogados ao vento, no fundo daquela gaveta empoeirada... 

Todas essas preciosidades linguísticas nos envolvem diariamente, nos fazem refletir por um instante; cultivamos o hábito de nos identificarmos com as reflexões, composições e mesmo histórias de vida alheias!

Este blog não é possuidor de nenhuma idéia revolucionária e inovadora, apenas tenho o intuito de reunir frases, trechos de livros, músicas, textos de amigos e tudo o que esta humilde estudante de Letras encontra por aí, em seu percurso pela faculdade e pela vida.

 E quem sabe você, “felizardo leitor” (rs), ao deparar-se com algum trecho aqui exposto, compartilhe do mesmo sentimento de identificação e consiga, desta forma, decodificar seus mais íntimos sentimentos.

Desfrute deste singelo ‘alimento para a alma’!