sexta-feira, 24 de setembro de 2010

(...) torna-se aqui na noite exclusiva, cuja entidade complementar de pessoa encontrada fortuitamente não se abandona, enquando essa noite durar: no serão da conversa até à madrugada, na obnubilação libertadora das brumas do álcool, na "noite escura" de uma experiência de guerra (um combate contra os semelhantes e contra si mesmo) que é na realidade um caminhar para a morte."


Um caminhar para a 'morte' da paz...

- | Maria Alzira Seixo - Os romances de António Lobo Nunes |-

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

"(...) o encontro na falta de uma coragem envaidecida, quase esquecida..."

E é isso.


-| Desconhecido - Há anos atrás li isso em algum lugar e nunca mais esqueci. |-
"(...) padecer a convicção de que, na estreiteza das relações da vida, a alma alheia comprime-nos, penetra-nos, suprime a nossa, e existe dentro de nós, como uma consciência imposta, um demônio usurpador que se assenhoreia do governo dos nossos nervos, da direção do nosso querer; que é esse estranho espírito, esse espírito invasor que faz as vezes de nosso espírito, e que de fora, a nossa alma, mísera exilada, contempla inerte a tirania violenta dessa alma, outrem, que manda nos seus domínios, que rege as intenções, as resoluções e os atos muito diferente do que fizera ela própria (...)"


    Ingênuos aqueles que creem ter atitudes e pensamentos únicos, inovadores, originais,  mais certos ou mais errados. Perdem tempo aqueles que tentam viver de maneira diferente, levando tudo às últimas consequências, sem levar em consideração em quem podem tropeçar e se, após o baque do tropeço, o outro padecerá, machucado. 
  Nada é original. Vivemos em um mundo que maquia uma liberdade simplesmente inexistente, e aqueles que se acham diferentes, provavelmente estarão sempre sozinhos.

-| Raul Pompéia - Originalmente não sei de onde vem esse excerto, retirei-o da FUVEST - 1998). |-

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

"Que o ar no copo ocupa o lugar do vinho, e que o vinho busca ocupar o lugar da dor"

Enquanto aqui fico, com esta taça de vinho exalando um cheiro adocicado, que me envolve e faz com que eu perca a noção de quanto tempo aqui estive, girando o copo para observar os diferentes tons, enquanto o odor continua a possuir-me sem que eu o controle... invade o meu cérebro, inibe os meus sentidos, engana-me e vasculha em cada pedacinho as lembranças que enterrei bem no fundo da ‘gaveta cerebral’. Adoro e sinto pavor desse cheiro de vinho. (...)
Enquanto aqui fico, embebedo minha alma, para esquecer a ‘dor’ mais fingida que criei, apenas para deliciar-me com a sensação de ter algo para ser ‘ocupado’. 

-| Copo Vazio - Chico Buarque |-
" (...)
A pequena, julgando-se vítima de um “trote”, ficou por conta e, como era muito bem-educada (essas meninas de hoje!), desligou violentamente, não antes de perpetrar, sem querer, um precioso “hai-kai” concretista:
- Basta, besta!
O poeta ficou fulminado. Não podia, não podia compreender. Sofreu, que também os concretistas sofrem; estava apaixonado, que também os concretista se apaixonam, quando são jovens – e todo poeta concretista é jovem. Não tinha lábia. Não teria os lábios. Por que não viajar para a Líbia? Desaparecer, sumir… Sentia-se profundamente desgraçado, inútil. Um triste. Um traste.
O consolo possível era a poesia. Sentou e escreveu:
“Bela. Bola. Bala.”
O que, traduzindo em vulgar, vem a dar esta banalidade: “A minha bela, não me dá bola. Isto acaba em bala.”
Não acabou, naturalmente. Tomou uma bebedeira e tratou de arranjar outra namorada, a quem dedicou um soneto parnasiano. Foi a conta. Casaram-se e são muito falazes… Oh! Perdão: felizes."


Para os leigos e para aqueles que muito as conhecem, um aviso: Cuidado com as palavras parônimas


-| Tragédia Concretista  do Luís Martins (Para ler na íntegra http://lucyhenriques.wordpress.com/2007/10/16/tragedia-concretista/) - O Guti enviou-me esse texto e disse que provavelmente entraria para as minhas 'pérolas'. Ele, que muito me conhece, estava certo! |-